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Silêncio de esfinge

Revista Veja (edição 2143 / 16 de dezembro de 2009). Com intrigantes lacunas, o segundo volume da correspondência de Machado de Assis documenta sua transformação em romancista inovador – e em uma figura pública discreta. por Jerônimo Teixeira.

“Ao publicar seu primeiro livro de versos, o advogado Antônio Gonçalves Crespo, brasileiro radicado em Portugal (e filho de um português com uma mulata), decidiu pedir acolhida crítica a um escritor de algum renome em seu país natal – Machado de Assis (1839-1908). Escreveu-lhe uma carta, em 1871: “A Vossa Excelência, já eu conhecia de nome há bastante tempo. De nome e por uma secreta simpatia que para si me levou quando me disseram que era… de cor como eu”. A carta de Crespo está coligida em Correspondência de Machado de Assis – Tomo II – 1870-1889, (514 páginas; 40 reais), recém-lançado pela Academia Brasileira de Letras.

 

Machado de Assis

 

Se houve resposta a Crespo, a carta se perdeu. Sabe-se, porém, que Machado não apreciava muito as referências à sua cor de pele. Muito bem circunstanciado pelas notas dos organizadores – o diplomata e embaixador Sergio Paulo Rouanet, coordenador-geral da edição, e as pesquisadoras Irene Moutinho e Sílvia Eleutério –, o segundo tomo da correspondência completa está cheio desses silêncios. As cartas documentam a transformação de Machado de Assis em esfinge: o funcionário público discreto que escreveu os livros mais estranhos e inovadores da literatura brasileira de seu tempo.”

 

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Correspondência de Machado de Assis, Tomo II

… Correspondência de Machado de Assis (trecho)